sexta-feira, março 30, 2007

Tirem-me este homem da frente!

“É recomendável que os alunos ousem ser insolentes para com os seus professores”.
O autor desta frase é Eduardo Sá, psicólogo da treta, que não se cansa de nos brindar com as suas habituais tiradas intestinas. Já não há pachorra para aturar este e outros quejandos que pululam pelos media e que só dizem alarvidades. Transformado em eminência parda pela comunicação social (confesso que ainda não percebi porquê!), este senhor devia ser obrigado a, durante uns meses, dar aulas numa escola problemática de Lisboa ou Porto, para tomar contacto com a dura realidade, que pelos vistos desconhece, e que nós professores vivemos todos os dias. Estou convicto que as suas fortes convicções sofreriam um duro revés e, por certo, deixaria de dizer barbaridades como aquela que reproduzimos.

quinta-feira, março 29, 2007

Faltas por motivo de doença não serão contabilizadas para concurso de professores titulares

Como era de esperar as faltas por motivo de doença deixam de contar para efeitos do primeiro concurso para professor titular. Quando se sabe que a maioria dos atestados médicos são fraudulentos, quando se sabe que uma boa parte dos professores os utiliza sem estarem realmente doentes, apenas porque lhes apetece faltar, ou porque lhes apetece gozar uns dias de férias, esta notícia constitui mais uma machadada naqueles professores que põem o seu brio profissional acima de tudo e que só em circunstâncias excepcionais não vão trabalhar. Claro que a maioria da classe docente aplaude esta decisão, especialmente, porque, não tão poucos quanto isso, têm telhados de vidro e com esta medida vêem beneficiada a sua situação. Bem me diziam alguns dos meus colegas que o meu “excesso” de profissionalismo nunca me levaria a lado nenhum. Costumam eles dizer-me que há mais vida para lá da escola. Realmente têm razão. Fica mais uma vez provado que o crime compensa: face aos “chicos-espertos”, os honestos não têm qualquer hipótese de sobrevivência!

The Day Homemade Video Babyface

terça-feira, março 27, 2007

As reuniões de avaliação

As reuniões de avaliação são invariavelmente sinónimo de desilusão. Uma parte significativa dos alunos ainda continua a fazer da escola um local de passeio e não um local de aprendizagem. Esforço, empenho e interesse pelas tarefas escolares são cada vez menos atributos a que os nossos alunos recorrem com vista ao sucesso escolar. Os pais não revelam grande preocupação pela apatia dos seus educandos. Os professores são, aparentemente, aqueles que mais se preocupam, mas os seus esforços caem em saco roto tal o grau de imaturidade e de irresponsabilidade que se apoderou dos alunos. Com este cenário a motivação para continuar a trabalhar começa a esfumar-se.

quinta-feira, março 22, 2007

Esclareça-nos Srº Primeiro-ministro!

Vai para aí uma grande polémica relativamente à “licenciatura” de José Sócrates. Para mim não me faz a mínima confusão saber se o homem é licenciado ou não. O que me pode indignar é se se confirmar que a obtenção deste grau académico está ferido de ilegalidade. Estranha-se que um 1º ministro sempre tão exigente com os outros não venha à praça pública dar um esclarecimento inequívoco sobre todo este processo. Os portugueses merecem ser esclarecidos. Este seu silêncio pode ser entendido como um reconhecimento de que recorreu a expedientes menos honestos para chegar a doutor, o que a ser verdade constituiria uma machadada na sua credibilidade e motivo mais que suficiente para se demitir. Outros membros de governos anteriores já o tiveram que fazer por questões bem menos gravosas. Não se vislumbram motivos para que José Sócrates tenha direito a tratamento especial!

terça-feira, março 20, 2007

Violência escolar, reflexo duma sociedade em crise

"Dos muitos casos de indisciplina e violência em meios escolares e universitários, só alguns saltam para fora e tornam-se conhecidos e destes só uma pequena amostra nos Media: à saída duma das nossas universidades, um aluno agride fisicamente o seu professor, longe, muito longe daquele respeito quase sagrado pelos “magníficos e meritíssimos” doutores e mestres; professor dum instituto brutalmente sovado por um ex-aluno, enquanto uma outra aluna gravava e depois punha em vídeo; numa escola primária, duas professoras foram fisicamente mal tratadas por uma mãe e um outro teve de ser operado pelos maus-tratos sofridos às mãos dum familiar dum aluno; numa briga na escola, três alunas deixam uma companheira coxa das duas pernas; na Suiça, doze jovens violaram uma colega de treze anos, e tudo gravado e posto a circular, à imitação do que vêem na Internet e revistas pornográficas. No ambiente escolar, um pouco por toda a parte mas principalmente nos países ditos evoluídos, domina a violência dos pais contra os professores, alunos contra alunos e professores, também professores contra professores e alunos, e não falemos das cenas de caçadeira e a atirar aos alunos da escola, como quem mata coelhos, como de vez em quando, acontece na América! Em síntese, regista-se um pouco por toda a parte, um ambiente escolar deteriorado, com desprestígio de professores e sem autoridade. Antes, eram os pais que recomendavam aos professores, “se for preciso chegar-lhe a roupa ao pelo, não hesite”, hoje, ai do que falar mais grosso ao seu menino! Muitos professores actuais foram alunos de “professores à antiga” e por contestação, querem agora ser tão modernos e liberais que perderam completamente o controle dos alunos, e estes, por sua vez, trocaram o tradicional conceito de professor por mais um funcionário público qualquer e a quem não reconhecem um mínimo de autoridade. Destruição das famílias, falta de autoridade em casa, permissividade generalizada, decadência de valores e sem ideais, a não coerência e mau exemplo dos mais velhos, como quando um pai estendido no maple e de uísque na mão, ralha com o filho por colocar os pés em cima da cadeira. Em matéria educativa, dizem as investigações, estar a Finlândia acima de todos os outros países, por motivos de carácter sócio-cultural e pelos professores com muito prestígio intelectual e correspondente autoridade, tanto assim que, grande percentagem dos alunos, ao terminarem o curso, deseja enveredar pela carreira docente ainda que muito exigentes, enquanto noutros países como o nosso, grande parte das vezes vão para professores como último recurso e por não ter arranjado outro emprego. Que a actual revisão do sistema educativo, um pouco em quase todos os países da EU, acerte o passo e entre no bom caminho".

ACÁCIO MARQUES

sexta-feira, março 16, 2007

Criancinhas

"A criancinha quer Playstation. A gente dá.

A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.

A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.

A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.

A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.

A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.

A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.

Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.

Desperta.

É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.

A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.

A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.

A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».

Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».

A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».

Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos".

Artigo na Visão Online

quinta-feira, março 15, 2007

O Estado em leilão

O ME prepara-se para vender cerca de 20 Escolas Secundárias de Lisboa e Porto actualmente desactivadas. Não me pronuncio sobre a justeza da medida. Pouco me importa. Apenas constato que o que conta verdadeiramente para este Governo é reduzir o défice a qualquer preço. Tudo serve para atingir este objectivo.

quarta-feira, março 14, 2007

Mais uma professora agredida

No dia em que se soube que uma encarregada de educação foi condenada a cinco anos de prisão por ter agredido uma educadora, verificou-se mais uma agressão a uma professora, desta feita numa escola em Celorico da Beira.
Segundo dados apresentados pelo Observatório de Segurança Escolar a cada dia que passa registam-se em média duas agressões a professores nas escolas portuguesas. Não estão aqui contabilizados os casos em que professores vitimizados não apresentam queixa, pois se assim fosse o número seria bem maior. Para aumentar a nossa vergonha, soubemos recentemente que Portugal apresenta quase o dobro deste tipo de ocorrências em comparação com o Reino Unido que tem uma população escolar bem superior à nossa, quer em número de alunos quer em número de professores. De Maria de Lurdes esperar-se-ia, no mínimo, uma palavra de solidariedade para com estes professores. Lamentavelmente, nem uma palavra. Tal comportamento ilustra bem a insensibilidade e irresponsabilidade política deste Governo em relação à violência nas nossas escolas. Prometeram medidas mas continuam a afirmar que estamos perante casos isolados e que as nossas escolas são locais onde impera a segurança. Só pode ser brincadeira. Se em vez dos professores fossem os nossos governantes a receber umas boas lambadas, por certo outro galo cantaria. Como assim não é, há que ir com calma. Os professores que aguentem.

Nick Cave- into my arms

Se a interpretação é brilhante o que dizer do vídeo?!

Alunos do secundário debateram insucesso escolar

Jovens do ensino secundário debateram, em Braga, a problemática do insucesso e abandono escolar e chegaram a conclusões. Segundo eles, há factores que contribuem decisivamente para este flagelo: a falta de apoio familiar e de recursos económicos, a deficiente organização vocacional, o elevado número de alunos por escola e turma, currículos desadaptados e extensos e a pouca diversidade de ofertas formativas. Os petizes têm razão nas causas apontadas mas esquecerem-se de elencar outros factores também eles importantes e talvez mais determinantes. O que têm eles a dizer-nos sobre a indisciplina, sobre o clima de irresponsabilidade e sobre a falta de interesse e empenho que muitos deles revelam na sua vida escolar? Aparentemente, nada! Quando se trata de aligeirar responsabilidades os nossos jovens têm-nos dado provas suficientes que, nessa matéria, não recebem lições de ninguém. Bem pelo contrário. São, isso sim, uns verdadeiros mestres na arte de "chutar para canto".

terça-feira, março 13, 2007

Portugal caminha a passos largos para uma ditadura

Segundo noticia o Correio da Manhã, o governo pretende forçar a atribuição de más classificações na Administração Pública por forma a reduzir o número de funcionários. Quer isto dizer que os dirigentes vão ser obrigados a dar avaliações negativas se não quiserem ser fiscalizados. Responsável que não atribua qualquer classificação de insuficiente poderá ser acusado de falta de rigor na avaliação dos seus subordinados. A ser assim teremos um clima de terror instalado na Administração Pública. Isto é só mais uma provocação a somar a tantas outras que este governo tem feito aos funcionários públicos que de forma continuada têm sido tratados abaixo de cão. Nem Salazar se atreveu a tanto!

domingo, março 11, 2007

Bryan Ferry - Positively 4th Street

Um cover de Bob Dylan

Como as escolas chegaram a isto

"As escolas portuguesas passaram anos e anos a dizer aos alunos que eles tinham o direito de passar sem esforço, que tinham a obrigação de se divertirem nas aulas e que tinham o dever de fazer, apenas, aquilo que lhes apetecesse. Chumbar uma criança eraum pesadelo burocrático, puni-la era uma impossibilidade prática - e quase toda a gente achava isso normal e, palavra importante, moderno.
Não espanta por isso que, agora, algumas gerações depois, alunos e pais espanquem os professores quando alguma coisa corre mal ou, simplesmente, quando se sentem entediados.
Os responsáveis pela linha SOS Professor revelam que hoje em dia as agressões começam, habitualmente no 1º ciclo, com a ajuda empenhada dos encarregados de educação.
Mudar isto vai demorar anos. Não basta que as crianças aprendam Matemática e Português na escola. Vai ser preciso ensinar-lhes que há quem mande, há quem puna e há quem obedeça. Parece uma medida militar mas, bem vistas as coisas, é apenas uma medida de bom senso".

Editorial da Revista Sábado

sexta-feira, março 09, 2007

Os estádios e as escolas

"A semana foi pródiga em incidentes com professores. Nada menos que dois casos de agressões graves, com professores vítimas da violência dos pais, que se sentiram legitimados a descarregar as suas iras e frustrações naqueles que o Ministérios da Educação, com a sua política de desrespeito e insensibilidade, transformou nos elos mais fracos deste nosso pobre sistema educativo. Tivessem esses incidentes ocorrido num estádio de futebol, com um qualquer espectador a atirar, nem que fosse uma moeda à cabeça do árbitro, e teríamos por aí um imenso painel de exuberantes primeiras páginas dos nossos jornais de referência, condenando os actos selvagens e culpando o futebol do desmando dos cidadãos. Mas não foi no futebol, foi na escola, onde os professores, cada vez mais, são vítimas dos ventos semeados por um poder político que não prescinde, e bem, da sua autoridade de poder executivo, mas anula, e mal, a autoridade do professor, dando à escola uma dimensão de regabofe público, que não depende de um sistema perfeitamente organizado e hierarquizado, mas das maiores ou menores competências dos seus Conselhos Directivos, tal como do muito ou do pouco bom senso dos pais que, assim, tanto podem ser um precioso auxiliar para o sucesso da vida escolar dos seus filhos, como podem constituir, como por vezes por aí se vê, a primeira linha da tremenda alcateia de lobos que devora os desprotegidos técnicos de ensino. Curiosamente, e não por acaso, os jornais também davam conta do regresso a uma discussão pouco académica sobre a importância da Educação Física na formação dos jovens cidadãos portugueses. Alguns, exemplificavam a justeza da dúvida, nomeadamente quanto ao facto da disciplina ser levada a sério e contar para nota, recorrendo a um caso exemplar de uma aluna que teria uma média de 19, mas que estaria a ser prejudicada por um reles 11 a Educação Física. Ninguém ousaria colocar a questão se o problema da nota divergente com o propalado brilhantismo da aluna fosse com uma das disciplinas tradicionalmente cotadas pela sociedade. Mas a ginástica, como ainda, de forma depreciativa, chamam, à Educação Física, passa-se muito bem sem ela. Podemos ter uma população de obesos, jovens que não têm coordenação a correr, que se sedentarizam na ocupação excessiva dos incontornáveis aliciantes do computador. Podemos promover uma geração que apenas se desenvolve e cresce na metade de si própria, esquecendo o corpo, pior, condenando o corpo a uma estúpida inexistência. Tudo em nome dos preconceitos duma sociedade de modas e estigmas. A questão da educação desportiva, não é uma questão menor. Além de ser uma questão de saúde pública, é uma questão essencial à formação dos cidadãos".

Vitor Serpa

Jornal A Bola

segunda-feira, março 05, 2007

3ª versão do concurso para professor titular

Aqui se pode ler a 3ª versão da proposta do concurso para professor titular.

domingo, março 04, 2007

Participar nas aulas

"Durante a semana houve diversas notícias sobre agressões físicas a professores. Embora os casos referidos possam sugerir o contrário, o espancamento do docente não é “hóbi” exclusivo de escolas “básicas”, nem de portuenses, nem de familiares de alunos. Um destes dias, deixará até de ser notícia. No anterior ano lectivo, registaram-se, principalmente nos centros urbanos, 330 denúncias do género. Desde Setembro, 50, a maioria após violência exercida pelas próprias criancinhas.
Não se trata, portanto, de uma fase, mas de um sintoma do que está para chegar e uma consequência do que já chegou. Basta observar, com ocasionais reservas, o que sucede dos EUA à França, da Espanha à Austrália, ou seja, em todos os lugares onde a pedagogia “moderna” assentou praça e a escola desistiu de transmitir “meros” conhecimentos para desatar a atender aos “contextos específicos” de cada bairro, estabelecimento e aluno.
Em tradução livre, isto significa desobrigar os meninos e as meninas da maçadora aprendizagem de aritmética, línguas, etc., e submeter os professores à fascinante “expressividade” dos petizes. É a escola “centrada nas crianças”. E não em quaisquer crianças: preferencialmente nos casos perdidos, cujas “necessidades e anseios”, mesmo que se resumam a atacar tudo o que se mova, passaram a constituir padrão de referência.
Ao invés da instrução “impositiva” de outrora, malvada e anacrónica, a escola actual quis-se, e fez-se, “inclusiva”. Os textos canónicos do sector referem, explicitamente, a “discriminação positiva dos alunos mais carenciados aos vários níveis”. O objectivo? A igualdade de oportunidades, uma glória a caminho da realização: ao reger-se pelo mínimo denominador comum, o regabofe ameaça condenar todos os alunos a oportunidade nenhuma. Excepto, escusado dizer, os filhos de quem pode pagar um colégio decente.
Ler os despachos do Ministério da Educação e os “projectos curriculares” das nossas escolas públicas é, consoante a perspectiva, uma experiência cómica ou assustadora. Além de escritos num português atroz, o que diverte, essa verborreica produção reflecte e explica o estado das coisas: um auspicioso caldo que junta o relativismo ao mito da “auto-estima” infantil e à mais repugnante retórica “social”.
Na prática, estas maravilhas abateram a autoridade docente e o que restava de exigência. A avaliação, agora “estratégica, orientada e crítica”, assenta num “processo envolvente”. Os pais avaliam. Os fedelhos avaliam e, sem risco de sanções, exteriorizam a “criatividade”. E os professores limitam-se a velar para que a abençoada “criatividade” dos fedelhos se mantenha intacta. Quando não conseguem, sofrem os efeitos no moral e no corpo. E queixam-se.
Mas queixam-se de quê? Que se saiba, são eles, pelo menos os que acederam a postos de decisão, os responsáveis pelo caos. E que pedem, em nome da “participação” de todos os “agentes” do “acto educativo”, a ida dos pais à escola. Como é notório, os pais vão. Ainda que, boa parte das vezes, as encantadoras crianças dêem conta do recado".

Alberto Gonçalves, Sociólogo
Correio da Manhã

Celine Dion - I Knew I Loved You (live @ Oscars 2007)

Homenagem a Ennio Morricone e a esse grande filme "Era Uma Vez na América", de Sergio Leone, um dos melhores filmes da história do cinema.

quinta-feira, março 01, 2007

Professores vítimas de agressões físicas

Num País onde as regras da boa educação há muito que foram banidas das nossas escolas, não são de estranhar as agressões a professores ocorridas esta semana no Porto. A crescente degradação da autoridade do professor tem permitido todo o tipo de abusos por parte de alunos e encarregados de educação, e a não serem tomadas medidas urgentes para pôr cobro a esta situação, não virá longe o dia em que aconteça uma tragédia num qualquer recinto escolar. Não querendo ser demagógico, a verdade é que esta ministra tudo tem feito no sentido de estas práticas se generalizarem nas nossas escolas. A continuada estratégia de destruição da credibilidade da classe docente tem funcionado como acha que qualquer dia atiçará um incêndio de dimensões incontroláveis. Quando isso acontecer sempre quero ver quem assumirá as responsabilidades.